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Potes plásticos BPA free são realmente seguros?



Alguns anos atrás, pesquisas começaram a demonstrar que o Bisfenol-A é tóxico. A substância atrapalharia o funcionamento do sistema endócrino, o sistema que regula os hormônios no corpo humano, contribuindo para o desenvolvimento de uma série de doenças. A toxicidade do BPA foi amplamente divulgada pela imprensa e a má fama acabou chegando aos consumidores.

“O BPA (Bisfenol A) foi inventado na década de 30 na busca de estrógenos sintéticos, mas hoje está profundamente inserido em nossa sociedade de consumo. Atualmente, ele é usado em muitos plásticos comuns e como “verniz” na parede interna de latas de alimentos. É o monômero mais comum para os policarbonatos objetivados para o contato alimentar, e por isso mesmo, pode contaminar os produtos alimentícios.

Um estudo da Universidade Case Western Reserve (EUA) mostrou que o BPA foi o responsável por causar deformação em óvulos de camundongos de laboratório. A atividade química do BPA é semelhante à do hormônio feminino estrogênio e alguns pesquisadores já desconfiavam que ele poderia danificar os órgãos sexuais de fetos.

Na verdade, o estudo começou por acaso. A Dra. Patrícia Hunt notou defeitos genéticos incomuns nos óvulos de camundongos, e ao perseguir a causa, desconfiou das gaiolas de plástico transparentes. Seus estudos mostraram que mesmo traços residuais da BPA – 20 partes por bilhão em água potável – levam à alteração de 8% dos óvulos. Em condições normais, apenas 1% dos óvulos deveria apresentar defeitos. Outros estudos apontam que o BPA pode causar, em fetos de animais, problemas no desenvolvimento de testículos, da próstata e na contagem de esperma. Isso quer dizer que o mesmo pode acontecer com seres humanos, aumento o risco de defeitos congênitos, como por exemplo, síndrome de Down.” (Carlos Braghini Jr.)

A indústria pegou a onda do ‘sucesso’ do Bisfenol-A e relançou vários produtos com o selo “plástico livre de BPA” ou “BPA free”, a substância foi, então, retirada de muitos produtos, principalmente os voltados para o público infantil. Muitos pais e consumidores compraram esses produtos acreditando que eles fossem realmente mais seguros.

Componente fundamental na fabricação de policarbonato (um tipo de plástico duro) e muito usado para revestir latas e garrafas, o Bisfenol-A não pôde ser eliminado das fórmulas dos produtos sem algo para substituí-lo. Para tal tarefa, a indústria tem usado muito um outro Bisfenol, o Bisfenol-S.


E se eu te contasse que pesquisas recentes têm indicado que o Bisfenol-S é provavelmente tão tóxico quanto o Bisfenol-A e também atrapalharia o funcionamento do sistema endócrino?

Pois é exatamente isso que um estudo publicado no periódico científico Environmental Health Perspectives em 2011 demonstrou. Desde então, outros estudos têm apresentado resultados semelhantes.

O Bisfenol-S, assim como o Bisfenol-A, imitaria a ação do estrogênio, o hormônio que tem papel chave no nosso organismo, do crescimento ósseo e ovulação à função cardíaca. Níveis baixos ou níveis elevados de estrogêneo, especialmente no útero ou na primeira infância, podem alterar o desenvolvimento do cérebro e de outros órgãos.

Em outras palavras, é como se o Bisfenol-S e o Bisfenol -A ‘reprogramassem’ nossas células, contribuindo para o desenvolvimento de doenças.

E agora, José? Se os produtos de plástico livres de BPA também são tóxicos, quais são as alternativas seguras? Vamos as dicas práticas:

  • Esses dados são razões suficientes para você preferir armazenar seus alimentos (inclusive água) em recipientes de vidro. Eles são bem mais caros, portanto recomendo que substitue gradualmente os potes da sua cozinha pelo de vidro. Mesmo que esses apresentem tampas plásticas já é bem meslhor.

  • Potes e vasilhas de aço inoxidável também são uma boa opção, mas deve-se tomar cuidado para não arranhá-los, a fim de não expor os metais usados na fabricação do aço.

  • Evite armazenar ou congelar o alimento em pote de plastico, prefira vidro ou porcelana. Caso não tenha outra alternativa, forre a embalagem plástica com papel manteiga. O BPA é liberado em maiores quantidades quando o plástico é aquecido ou resfriado.

  • Atenção especial, também aos alimentos gordurosos ou ácidos (molho de tomate, biscoitos, queijos, manteiga, chocolate, tortas etc), pois esses agentes tóxicos passam facilmente do plástico para a gordura.

  • NUNCA usar xícaras ou copos de isopor e ou plastico, principalmente para bebidas quentes

  • Quando utilizar filme plástico faça de uma forma que este não toque o alimento diretamente. O pior para toxicidade é o contato direto do plástico com o alimento, portanto, evite.

  • Para embalar alimentos, prefira o papel manteiga.

  • Evite comprar produtos que venham armazenados em bandejas plásticas, bem como embalagens de papelão (tetra-pack ou longa-vida), que têm uma camada interna de plástico.

  • Evite o consumo de alimentos e bebidas enlatadas, pois o bisfenol é utilizado como resina epóxi no revestimento interno das latas, que costuma conter BPA (ou BPS).Ou seja, o conteúdo da lata fica em contato direto com o Bisfenol durante meses, já que enlatados têm prazo de validade longo. Se você não abre mão da praticidade, prefira os congelados ou em potes de vidros, por exemplo encontramos diversos molhoes de tomates em recipientes de vidros.

  • Se for necessário utilizar algo de plastic forre o recipiente com papel manteiga, se possível.

  • Os plásticos que possuem os números 3 (PVC) e 7 (PC) no símbolo da reciclagem são os que contem BPA.

  • Descarte utensílios de plástico lascados ou arranhados. Não utilize detergentes fortes, esponjas de aço ou máquina de lavar louça para lavar recipientes de plásticos

  • Evite garrafinhas de alumínio porque, por dentro, elas contêm uma fina camada de plástico. Ou seja, a garrafa é de alumínio só por fora. O líquido, na verdade, fica armazenado em contato com a camada de plástico. Para saber se a garrafa é de aço ou de alumínio, leia a descrição do produto ou pergunte ao vendedor antes de fazer uma compra.

  • Não imprima extratos e comprovantes. Dê preferência às versões digitais, como a comprovação do débito por SMS, por exemplo.

Lembre-se: até que a indústria de plásticos pare de usar todos os agentes suspeitos ou revele quais os seus produtos que contêm esses agentes químicos, não se tem como saber se eles estão presentes ou não. Entretanto, as sugestões que apresentei acima podem reduzir substancialmente a sua exposição e a da sua família.

Referências e maiores informações:

  • http://ehp.niehs.nih.gov/1003220/

  • http://www.motherjones.com/environment/2014/03/tritan-certichem-eastman-bpa-free-plastic-safe

  • http://www.scientificamerican.com/article/bpa-free-plastic-containers-may-be-just-as-hazardous/

  • http://www.sfgate.com/health/article/BPA-free-plastics-may-be-less-safe-than-those-5302319.php

  • http://www.mothering.com/articles/bpa-free-plastic-evil/

  • Braghini Jr. C. Ecologia Celular – O papel da alimentação e do meio ambiente no envelhecimento e na longevidade. 2011.

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